Reprodução de Aquarela de Reis de Carvalho, de 1859, da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, em ARACATI, Ceará.
(Foto: Divulgação/Francisco Sousa): De hoje até domingo ocorre a 8ª Semana Nacional de Museus. No Ceará, 29 instituições modificam suas programações em prol de uma maior visibilidade
Antropológicos, arqueológicos, científicos, etnográficos ou mesmo sacros. Não importa o objeto de estudo e exposição. O importante é que grande parte dos museus estarão em plena atividade de hoje até domingo, na 8ª Semana Nacional de Museus. No Ceará, 29 instituições de 17 cidades se mobilizam buscando maior integração entre elas, além da melhoria de sua relação com a sociedade.
Palestras, exposições, exibição de filmes e visitas guiadas procuram públicos diversificados para um cenário incomum. A organização nacional é do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que não escolheu o período por acaso. Em 18 de maio é celebrado o dia internacional destes espaços tão essenciais para a preservação da memória de um povo. Uma temática selecionada pelo Conselho Internacional de Museus (Icom) guia a programação, mas a ousadia de artistas e museólogos levam os visitantes além.
Museus para a harmonia social é o tema deste ano, que segundo Cristina Holanda, diretora do Sistema Estadual de Museus, busca mostrar o quanto essas instituições estão ``antenadas`` com as discussões contemporâneas. ``A nossa fonte de pesquisa não é congelada como muitos pensam. Não somos espaços parados, nos atualizamos``, afirma. Cristina é a maior responsável por defender essa visão ao coordenar os museus locais nesta movimentada semana, que, segundo ela, reflete a diversidade cultural do povo cearense.
Fortaleza será o palco principal. Doze museus da cidade destinarão suas atividades para a oitava semana. No entanto, foi a região metropolitana e o interior que contribuíram para fazer desta a maior edição do evento no Estado. Do Museu Sacro São José de Ribamar, em Aquiraz, ao Museu Regional dos Inhamuns, em Tauá, 17 instituições além da capital modificarão temporariamente sua rotina em favor de uma maior visibilidade.
Visibilidade essa que já é vista com bons olhos por Cristina Holanda. Ela considera positivo o número atual de visitas aos museus no Ceará, apesar de saber que poderia ser bem melhor. Em Fortaleza, o Museu do Ceará, por exemplo, que também é dirigido por Cristina, recebe cerca de três mil pessoas por mês. Os picos acontecem exatamente em maio, mas o objetivo é que esse público se mantenha fiel mesmo sem uma programação especial.
A diretora acredita que é preciso investir em multiplicadores dessa cultura mais apreciativa. ``Os professores, por exemplo, podem realizar oficinas, perceber o museu como recurso didático, entrando nessa sintonia da semana``. Ela elogia as atuais ações do Governo Federal e suas políticas voltadas para a área, principalmente com a criação do Ibram, em 2008, que passou a ser desvinculado do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Dentre as diversas funções do Ibram, está o fomento de políticas de aquisição e preservação dos acervos. Entretanto, os museus ainda são bastante dependentes de editais que tragam incentivos privados para o seu sustento. Segundo Cristina, eles têm crescido, mas ainda não são suficientes. ``A estrutura de um museu é muito cara``, declara. Uma das poucas museólogas em atuação no Estado, Gracielle Siqueira, acredita que a boa vontade de poucos ainda faz a diferença no Ceará.
Formada pela Escola de Museologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Gracielle acha que faltam verdadeiros profissionais da área em atuação no Ceará, mas faz questão de destacar o trabalho árduo desempenhado pelo que denomina ``profissionais dos museus``. No entanto, segundo ela, a Semana Nacional pode contribuir para uma mudança positiva na área. ``Acredito que esse movimento é de fundamental importância para uma maior integração, para que, primeiramente, possamos nos conhecer melhor``.
Darlano Dídimo
especial para O POVO
Compilado do Jornal O POVO